Cuidado com os psicopatas

Era coisa em que não se pensava, quando a questão se punha entre “jobs for the boys” e escolha por competência. Hoje, é patente que o fator personalidade também importa muito e que os métodos de seleção de dirigentes não o contemplam.

Dos tipos diversos de personalidade psicopática, interessa-nos aqui, principalmente a narcísica, associada à manipulação e insensibilidade ética. São pessoas, muitas vezes inseguras na base da sua estrutura mental, carentes, com famílias que não lhes deram o devido enquadramento de segurança afetiva e de estímulo ao desenvolvimento da autoestima saudável.

“Vingam-se” no narcisismo, acompanhado pela embriaguez do poder, pelo autoritarismo, pela instrumentalização pessoal da lei e da “ética republicana”, pelo nepotismo e pelo fomento da clientela, pelo sentimento de impunidade, pela desconsideração pela inteligência mínima dos outros. Quando intelectualmente medíocres por natureza, a sua mediocridade é agravada pela psicopatia.

Em casos raros de sucesso, medido pelas normas de uma sociedade globalmente “psicopática”, há as estrelas do futebol, dos programas da manhã da TV, das revistas de cabeleireiro. Mas há, muito mais, os psicopatas que traçam o seu percurso com estratégia de aranha desde as jotas e, ainda abaixo em nível de “mérito”, os candidatos a dirigentes da função pública. Claro que há exceções. Eu próprio fui diretor empenhado e com projeto de missão. No entanto, falo dos perigos reais, que há.

O sistema de seleção devia incluir a avaliação dos padrões de personalidade, éticos e relacionais. As entrevistas deviam servir explicitamente para uma análise psicológica mínima, mesmo com recurso a peritos. E devia haver ponderação de avaliação por anteriores subordinados.

Não tenho medo, entre nós, de vir um grande ditador. Tenho mais medo de muitos tiranetes medíocres em lugares com poder.

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